A Dama

O agente Santos caminha triunfantemente pelos corredores do banco internacional de Genebra, acompanhado de um nervoso funcionário que pede a cada cinco minutos para conferir o mandado que o obriga a abrir o cofre privativo número 42. Aquela era a culminação de mais de dez anos de investigação.

Santos mal pôde acreditar que uma discussão boba com uma agente de alfandega acabou conseguindo o que alertas em todas as forças policiais do mundo, notícias frequentes em todos os grandes conglomerados internacionais de notícia e, pelo que diziam as fontes do submundo, várias recompensas de milhões de dólares não conseguiram; capturar a Dama, a ladra mais bem sucedida e escorregadia da história. Ela agora estava detida na central enquanto ele abriria seu cofre secreto repleto de todos os tesouros roubados em mais de quinze anos de carreira. Dezenas de xeiques exigiram estar presentes para reclamar seus bens roubados, mas Santos recusou a todos. Essa vitória é somente dele.

O toque do seu celular o tira de seus devaneios e Santos atende enquanto o nervoso funcionário se atrapalha para abrir a porta.

– Santos falando. – Fala o agente.

– Chefe… – Fala Teixeira, parecendo um pouco nervoso – Aconteceu uma coisa aqui com a Dama.

– Não me diz que algum safado de um advogado conseguiu soltar ela. – Responde Santos, já um pouco desgostoso. “Bem que eu devia ter desconfiado daquele sorrisinho dela durante o interrogatório.”, pensa ele.

– Bom… Quase isso, chefe. – Continua Teixeira – Só que sem o advogado.

– Como é? – Grita Santos.

– Ela sumiu, chefe. – Fala Teixeira.

– Você está me dizendo que ela escapou de uma sala trancada em um prédio com mais de duzentos policiais? – Pergunta Santos, em desespero.

– Tem mais. – Continua Teixeira – Ela deixou uma carta para você. “Caro Agente Santos, como prêmio pela sua admirável persistência deixei você provar por cinco minutos o gosto da vitória. Espero que tenha gostado. Beijos, a Dama.”.

O funcionário finalmente abre a porta do cofre. A imensa sala estava vazia, com apenas um pequeno objeto solitariamente postado no centro da sala.

Uma singela peça de dama.